Por Aqui o Peão é Enteado…

23 03 2012

Lia-se no JN em 9-7-2006:

As obras de reabilitação da EN 1-7, que recentemente tiveram início, deverão estar concluídas no primeiro semestre de 2007, trabalhos esses que vão pôr fim a uma via sem as mínimas condições de circulação.

A Câmara Municipal [de Condeixa] vai suportar 50% do valor da obra, ou seja, 400 mil euros, uma vez que a recuperação desta estrada representa um investimento de 800 mil euros. Os outros 50% serão financiados por fundos comunitários.

… considera ainda Jorge Bento, admitindo que poderá constituir também uma boa ajuda ao tráfego da EN1.”

Nesta altura o Sr Engº já previa que a moderna e prometida Avenida entre o Gorgulhão e a Faia iria ficar nas “calendas gregas”!

A passo de caracol e com muito pó a coisa arrastou-se desafiando a paciência do povo. A obra lá se prolongou até 2009.  Por fim (?) e aos poucos, sem ninguém saber ao certo o dia, a obra foi concluida.

Com tudo isto o tempo passou e ela não voltou. Ela – a segurança – da estrada para moradores, condutores e transeuntes.

A sobrecarga de trânsito e o traçado deficiente  desta estrada melhorada reflecte-se no elevado número de acidentes, a maioria despistes só com danos materias, mas também já  resultaram várias mortes.

Assim se cumpre o destino alternativo à EN 1 previsto pelo Sr. Presidente.

Por ali, o trânsito maioritariamente de pesados de mercadorias, circula noite e dia com destino ao Aterro Sanitário, ao Retail Park, Mercador Abastecedor de Coimbra e à zona Industrial de Taveiro…Ao Domingo o trânsito de ligeiros a seguir ao almoço é ininterrupto. Parece uma procissão. Até já já há quem a baptize de “procissão de Nossa Senhora de Taveiro”

Muita coisa ficou por fazer. Ainda hoje continuam por colocar as antigas placas do Estado Novo… arrancadas por causa das obras assim continuam!

Ali permaneceu a desgraçada esquecida e escondida na valeta desde 2006

Ao longo da estrada ficaram por reconstruir várias bocas de incêndio e tubos por retirar que serviam de acesso à rede de abastecimento público de água.

Este mês alguém deu uma ajuda…à Placa, ressuscitada mas ainda em convalescença, a fazer companhia a uma moderna boca de incêndio (só mesmo numa Condeixa Além Praça!)

A nova sinalização vertical privilegiou os acessos rurais. Até acessos a pinhais têm indicação de aproximação de via sem prioridade!!! enquanto os acessos urbanos foram esquecidos.

O peão foi (e é) ignobilmente desprezado pela Câmara Municipal. Deixaram troços que não permitem o cruzamento de veículos, motivo para vários acidentes e um perigo acrescido para as crianças e adultos que nela circulam obrigatoriamente com destino ao transporte escolar e público.

Gastar 800 mil euros na requalificação da estrada e deixar os troços urbanos na freguesia do Sebal sem bermas, passeios, passadeiras  e semáforos poderá não será roubo… mas é de certeza um atentado à vida de quem lá circula.

Porque razão se continua a circular a 50 Km/h naquelas zonas urbanas? Porque não limitar preventivamente a 40 ou até a 30 Km/h enquanto não se encontra uma solução alternativa? É difícil de implementar ou esperamos que alguém se aleije?

Já que este troço não é contemplado pelo “Peão é Rei” deixem-nos garbosamente ostentar o nosso “Peão é Enteado” como demonstração da incompetência e insensibilidade dos nossos autarcas e funcionários da Câmara Municipal responsáveis pela continuidade desta armadilha mortal e candidata a ponto negro das nossa estradas.

Não há maior cego do que o que não quer ver“, provérbio popular.

P.S. (de Post Scriptum):
ainda fiz diligências junto do site da Câmara Municipal para saber qual o Vereador do Pelouro de Trânsito a quem me dirigir, mas lê-se no separador
EXECUTIVO CAMARÁRIO “Pelouros atribuídos: Em processo de decisão”...
Só a sobrecarga de trabalho pode explicar este lapso !




Um bom serviço à cultura

5 03 2012

Há uns tempos atrás alguém que não gostou de um assunto abordado por mim na internet, sugeriu anonimamente que eu deixasse de escrever pois assim faria um grande serviço à língua e à cultura portuguesa. É claro que não aceitei e esforçado continuei a praticar para melhorar.

No passado sábado, ao assistir provavelmente ao melhor espectáculo do programa Bandas em Concerto em Condeixa – a actuação da Banda de Velha de Fermentelos -, fiquei convicto que há pessoas que se ficassem caladas prestariam grandes serviços à Cultura.

Gostei da sobriedade contida nas palavras da representante da Direcção Regional da Cultura Centro, Dra. Margarida Silva, suficiente e  protocolar bastante para elogiar o mérito e trabalho da Direcção, do Maestro e dos Instrumentistas da Banda Filarmónica Marcial de Fermentelos (Banda Velha).

Para não variar, os de fora da terra assumiram as rédeas do jogo. Dominaram em palco com mestria e fora de palco sem resistência (dos locais) assumiram as funções de cicerone com elegância sem esqueceram as ilustres figuras de Condeixa, as que constam na página da Câmara Municipal. Eles, de Fermentelos, lembraram Fernando Namora, Simão da Cunha, Deniz-Jacinto e até o Dr. João Antunes “O Padre Boi”.

Gostei da bonita imagem de associar Conimbriga como património de referência  familiar visitado por gerações sucessivas.

Com tudo, pela positiva fiquei abismado com os de Fermentelos. Foram competentíssimos na sua exibição e souberam acolher e cativar a assistência substituindo-se desta forma aos da terra. Sendo o último concerto provavelmente foram avisados e já sabiam ao que vinham…

A Cultura de Condeixa faz lembrar os Velhos dos Marretas mas em versão feminina. Perde-se o tempo com intrigas palacianas e descura-se o essencial. Porque motivo se trabalha para a estatistica e teima em fazer Cultura (quase e só) para os que moram na Praça?

Uma coisa é certa, os lugares vazios no Cine-Teatro de Condeixa não se ocupam com discursos autoritários ao estilo de professor “antigo” em sala de aula. Só faltou a palmatória. Parece que o motivo nem é sazonal nem climatérico porque seja de Verão ou de Inverno, chova ou faça sol o Cine-Teatro não enche. Sala vazia, para além de ser um problema cultural, será certamente incompetência política de quem sendo profissional em exclusividade com meios, autoridade, oportunidades e disponibilidades não consegue estimular o gosto por diferentes formas de Cultura.

Compreendo que é mais fácil e “vantajoso” para a autarquia transportar seniores para a Discoteca  El Divino (com custos) do que para o Cine-Teatro com entrada grátis.

Excepção rara e com lotação esgotada acontece durante os famosos Encontros de Maio “expoente máximo” da nossa Cultura popular, em que o Cine-Teatro é pequeno. Pura Aritmética. No mínimo  10 freguesias x 10 fregueses + 10 grupos x 15 executantes + n convidados = ….SALA CHEIA (sem contar com a Geminação e forasteiros).

Em discurso directo na primeira pessoa porque muito me custa assistir a estes vexames feitos a Condeixa e para que os nossos representantes  nas recepções Culturais não passem pelo ridículo da anedota, aconselho abertamente:

  • Se não tiverem certeza do que vão dizer – não digam nada, porque assim têm a certeza que respeitam os nossos convidados;

  • Se optarem por falar, previamente peguem num papel e lápis e esbocem um discurso;

  • podem como opção válida delegar competências Culturais em certa Associação da vila, assim acabavam as dúvidas e até poderia ser que o barco definitivamente atinasse com o rumo (porque pior será impossível)

Deixo ainda dois reparos, o primeiro ao atraso no inicio do concerto e o segundo à falha irreparável de não ter sido mencionado em CONDEIXA o nome de Saúl Vaio durante um Concerto de Banda Filarmónica.

É uma grande falta de respeito não iniciar um espectáculo à hora marcada. Hora marcada é hora de inicio de espectáculo. Por cortesia e respeito por quem estava presente à hora marcada deveriam ter sido dadas explicações do motivo do atraso.

Por último, porque o tema em palco era bandas filarmónicas, teria ficado bem (à Sra Vereadora da Cultura)  acrescentar o nome de Saúl Vaio à lista de ilustres condeixenses enunciados. No mínimo, era uma prova de que sabia a lição e conhecia a história recente e a Cultura de Condeixa, que por “mero acaso” até é o Pelouro que lhe está distribuído.





Câmara de Condeixa-a-Nova licenciou prédio no concelho de Coimbra

3 02 2012

O Ministério Público recebeu na semana passada uma queixa-crime de uma cidadã para travar uma alteração geográfica dos concelhos de Coimbra e Condeixa-a-Nova, que vê como estratégia de contornar uma sentença sobre uma construção ilegal.

Maria João Fonseca avançou com a queixa alegando prática de crimes de abuso de poderes e prevaricação, ao abrigo da Lei de Tutela das Autarquias e legislação penal, e remeteu exposições a diversos organismos públicos e de soberania, entre eles a Secretaria de Estado da Administração Local e a Assembleia da República, a quem caberá aprovar a alteração aos limites dos concelhos.

Em 2003 a cidadã interpôs uma ação para anulação do licenciamento de um prédio construído ligado à sua moradia, e em 2009 o Tribunal Administrativo e Fiscal de Coimbra (TAFC) deu-lhe razão.

Como a sentença, que se traduziria na demolição do prédio, não foi executada, em 2010 avançou com uma ação executiva, e recentemente deu-se conta das movimentações das duas autarquias para alterar as áreas geográficas.

A queixosa, e os advogados que a assistem, Ana Sousa e Pais do Amaral, afirmaram à agência Lusa ver nessas diligências “uma fraude à lei”, para “evitar que a sentença fosse executada na sua plenitude”. E, pela adaptação geográfica, criar condições regulamentares ao licenciamento da construção ilegal.

Em 1998 a Câmara de Condeixa-a-Nova licenciou o referido prédio, na zona de Cernache, área de Coimbra. Pressupondo que parte do loteamento em que se inseria integrava a área geográfica de Coimbra obteve previamente autorização para o efeito desta autarquia.

Na sentença de 2009 o TAFC considerou nulo o licenciamento do Câmara de Condeixa-a-Nova, bem como a autorização do município vizinho, por entender que o prédio se localizava integralmente no concelho de Coimbra, e que as competências de cada autarquia não podem ser delegadas.

O Plano Diretor Municipal (PDM) de Condeixa-a-Nova permite aquele tipo de construção na zona, unidades plurifamiliares com três pisos. Mas aí o PDM de Coimbra apenas permite construções com dois pisos, e por isso aquele “não reúne condições para ser legalizado“, segundo informaram os serviços técnicos da autarquia junto do tribunal.

Entretanto, as duas câmaras municipais e as juntas de freguesia envolvidas, as de Cernache e Condeixa, têm vindo a negociar a alteração dos limites do concelho, tal como confirmaram dois autarcas à agência Lusa.

Jorge Bento, presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, disse à agência Lusa que está subjacente a intenção de legalizar o edifício, alegando que no ato do seu licenciamento “não houve má-fé”, pois é complexo definir os limites geográficas à escala das cartas militares, porque “um milímetro são 25 metros de margem de erro”.

Por muita razão que a senhora possa ter, é um interesse particular contra o interesse particular de 16 famílias“, as que habitam o referido prédio, argumentou o autarca.

Paulo Leitão, vereador do urbanismo da Câmara de Coimbra, referiu que embora “esse problema esteja em cima da mesa”, as razões para alterar os limites dos concelhos “são mais macro”, e que isso tem acontecido com outros até por razões de gestão de infraestruturas públicas.

Maria João Fonseca alega que a construção do prédio colado à sua moradia faz com que uma parte “não receba um raio de sol por dia”, e a força a manter janelas fechadas para não ter a privacidade devassada.

Lusa

Fonte: Regional do Centro