Um bom serviço à cultura

5 03 2012

Há uns tempos atrás alguém que não gostou de um assunto abordado por mim na internet, sugeriu anonimamente que eu deixasse de escrever pois assim faria um grande serviço à língua e à cultura portuguesa. É claro que não aceitei e esforçado continuei a praticar para melhorar.

No passado sábado, ao assistir provavelmente ao melhor espectáculo do programa Bandas em Concerto em Condeixa – a actuação da Banda de Velha de Fermentelos -, fiquei convicto que há pessoas que se ficassem caladas prestariam grandes serviços à Cultura.

Gostei da sobriedade contida nas palavras da representante da Direcção Regional da Cultura Centro, Dra. Margarida Silva, suficiente e  protocolar bastante para elogiar o mérito e trabalho da Direcção, do Maestro e dos Instrumentistas da Banda Filarmónica Marcial de Fermentelos (Banda Velha).

Para não variar, os de fora da terra assumiram as rédeas do jogo. Dominaram em palco com mestria e fora de palco sem resistência (dos locais) assumiram as funções de cicerone com elegância sem esqueceram as ilustres figuras de Condeixa, as que constam na página da Câmara Municipal. Eles, de Fermentelos, lembraram Fernando Namora, Simão da Cunha, Deniz-Jacinto e até o Dr. João Antunes “O Padre Boi”.

Gostei da bonita imagem de associar Conimbriga como património de referência  familiar visitado por gerações sucessivas.

Com tudo, pela positiva fiquei abismado com os de Fermentelos. Foram competentíssimos na sua exibição e souberam acolher e cativar a assistência substituindo-se desta forma aos da terra. Sendo o último concerto provavelmente foram avisados e já sabiam ao que vinham…

A Cultura de Condeixa faz lembrar os Velhos dos Marretas mas em versão feminina. Perde-se o tempo com intrigas palacianas e descura-se o essencial. Porque motivo se trabalha para a estatistica e teima em fazer Cultura (quase e só) para os que moram na Praça?

Uma coisa é certa, os lugares vazios no Cine-Teatro de Condeixa não se ocupam com discursos autoritários ao estilo de professor “antigo” em sala de aula. Só faltou a palmatória. Parece que o motivo nem é sazonal nem climatérico porque seja de Verão ou de Inverno, chova ou faça sol o Cine-Teatro não enche. Sala vazia, para além de ser um problema cultural, será certamente incompetência política de quem sendo profissional em exclusividade com meios, autoridade, oportunidades e disponibilidades não consegue estimular o gosto por diferentes formas de Cultura.

Compreendo que é mais fácil e “vantajoso” para a autarquia transportar seniores para a Discoteca  El Divino (com custos) do que para o Cine-Teatro com entrada grátis.

Excepção rara e com lotação esgotada acontece durante os famosos Encontros de Maio “expoente máximo” da nossa Cultura popular, em que o Cine-Teatro é pequeno. Pura Aritmética. No mínimo  10 freguesias x 10 fregueses + 10 grupos x 15 executantes + n convidados = ….SALA CHEIA (sem contar com a Geminação e forasteiros).

Em discurso directo na primeira pessoa porque muito me custa assistir a estes vexames feitos a Condeixa e para que os nossos representantes  nas recepções Culturais não passem pelo ridículo da anedota, aconselho abertamente:

  • Se não tiverem certeza do que vão dizer – não digam nada, porque assim têm a certeza que respeitam os nossos convidados;

  • Se optarem por falar, previamente peguem num papel e lápis e esbocem um discurso;

  • podem como opção válida delegar competências Culturais em certa Associação da vila, assim acabavam as dúvidas e até poderia ser que o barco definitivamente atinasse com o rumo (porque pior será impossível)

Deixo ainda dois reparos, o primeiro ao atraso no inicio do concerto e o segundo à falha irreparável de não ter sido mencionado em CONDEIXA o nome de Saúl Vaio durante um Concerto de Banda Filarmónica.

É uma grande falta de respeito não iniciar um espectáculo à hora marcada. Hora marcada é hora de inicio de espectáculo. Por cortesia e respeito por quem estava presente à hora marcada deveriam ter sido dadas explicações do motivo do atraso.

Por último, porque o tema em palco era bandas filarmónicas, teria ficado bem (à Sra Vereadora da Cultura)  acrescentar o nome de Saúl Vaio à lista de ilustres condeixenses enunciados. No mínimo, era uma prova de que sabia a lição e conhecia a história recente e a Cultura de Condeixa, que por “mero acaso” até é o Pelouro que lhe está distribuído.


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